2024 está dando as caras e a corrida pela prefeitura de Iguatu começa a tomar forma. Tida como a capital do centro-sul, Iguatu tem experimentado episódios indigestos nos últimos tempos.
Crises políticas sem precedentes, denúncias por má conduta na Administração Pública, obras vitais caminhando a passos de tartaruga, saúde pública sem nenhuma perspectiva e uma catástrofe financeira iminente, dão o tom de uma cidade que, infelizmente, há tempos está na UTI.
Problemas estes, por parte, atribuídos à gestão municipal, e com razão, porém, que também tem relação direta com o abandono da gestão estadual na cidade.
Sendo assim, Iguatu, capital do centro-sul, espera-se que o calendário de obras estruturais do Estado esteja mais presente, coisa que não vem acontecendo nos últimos anos.
A cidade polo regional, que conta com três representantes no legislativo cearense, não tem prestígio de pleitear um hospital regional público, nos moldes de outras macrorregiões do estado. Portanto, conclui-se que o problema é, também, de natureza política.
Quem se credencia para resolver o problema?
Por hora, estão na disputa o engenheiro Ilo Neto, filho do Deputado Estadual Agenor Neto; o advogado e presidente da Câmara de Iguatu, Ronald Bezerra; o ex-capitão do exército Pedro Helder e o empresário Sá Vilarouca. Entretanto, o cenário deve mudar nos próximos meses com a definição do candidato que será apoiado pelo prefeito Ednaldo Lavor.
Corre nos bastidores que, dependendo da conjuntura política e de acordos firmados, novos nomes poderão ser cogitados. Quanto a isso, nós só saberemos em meados de agosto.
Ilo Neto percorre os bairros de Iguatu ouvindo simpatizantes e tentando conseguir novas adesões ao seu projeto. Ronaldo Bezerra, por outro lado, está reformulando seu grupo político, após um recente rompimento com Ednaldo Lavor. O presidente da CMI está organizando a casa para começar a visitar lideranças.
Quem também tem feito encontros regionais no município é o empresário Sá Vilarouca. Sá tenta fortalecer seu capital político para chegar bem em agosto.
O prefeito de Iguatu, Ednaldo Lavor, acabou de retornar ao cargo, após uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral. O julgamento definitivo do parlamentar retorna na primeira semana de fevereiro. Apesar disso, Ednaldo está reformulando sua gestão e buscando novas adesões. O político tem dito que o nome do candidato do seu grupo só será definido nas convenções, em agosto.
O único que não tem tido aparições públicas nos últimos tempos é o ex-capitão Pedro Helder. O pré-candidato concedeu entrevista a um podcast na cidade no ano passado e, desde então, não se tem notícias.
Afinal, até que ponto vale o apoio de Elmano em Iguatu?
Na campanha eleitoral de 2022, o atual Governador Elmano de Freitas conquistou 67,74% dos votos válidos em Iguatu, com 36.195 iguatuenses depositando em Elmano a esperança de ver uma transformação significativa e o ingresso definitivo da cidade no caminho do progresso e desenvolvimento.
Entretanto, passado um ano completo de sua administração, a realidade está muito distante das expectativas. Em pouco mais de 380 dias de governo, Iguatu continuou a receber escassos recursos, o hospital regional permanece sem uma decisão clara quanto à estadualização, e o novo equipamento sequer é mencionado.
É verdade que diversas audiências solicitadas por deputados da região foram realizadas na Assembleia Legislativa, e a Secretaria de Saúde fez uma visita a Iguatu para avaliar de perto a situação. Contudo, nenhum progresso concreto foi alcançado. Pelo contrário, atualmente, a cidade está mais próxima de perder o equipamento do que de vê-lo sendo efetivamente implementado.
Todos esses fatores supracitados são determinantes para avaliar a efetividade de uma campanha ligada ao Governo do Estado. Até que ponto isso é bom?
De acordo com a pesquisa Atlas/Intel, que avaliou o nível de aprovação dos 27 governadores em dezembro passado, Elmano figura na colocação 14º da lista. O chefe do executivo cearense é aprovado por 55% dos cearenses e reprovado por 37%, um número aquém do esperado.
Pesquisa Genial/Quaest que mede o índice de popularidade dos governadores.
Pesquisa Genial/Quaest que mede o índice de popularidade dos governadores. Fonte – Quaest. Consultado em 30/01/2024.
A Genial/Quaest Consultoria alimenta um índice de popularidade digital dos governadores ao longo do mandato e o governador Elmano ocupa apenas a discreta décima sexta posição no ranking. Freitas conseguiu melhorar a pontuação em setembro do ano passado, mas ainda é uma atuação bem tímida. Elmano chegou a pontuar apenas 17 pontos em abril. De fato, o governador não é dos mais populares.
Popularidade é um fator determinante em qualquer campanha política. O engajamento dos potenciais eleitores é peça fundamental na estratégia de mobilização e transferência de votos. O ex-governador Camilo Santana, por exemplo, tinha altos índices e conseguiu eleger Elmano com muita folga.
Outro ponto de atenção para avaliar a eficácia do apoio de Elmano a um candidato em Iguatu é a quantidade de aparições do governador na cidade. Elmano esteve poucas vezes em Iguatu no ano passado. Nas ocasiões, Freitas teve passagem rápida e sem maiores repercussões.
Eu diria que a vinda da Secretária de Saúde do Estado teve mais impacto de imagem do que a do governador.
Dito isto, um apoio massivo do governador a uma candidatura em Iguatu deve representar pouca efetividade na obtenção de votos do eleitorado iguatuense.
É claro que todo apoio é sempre muito bem-vindo. No entanto, a menos que Elmano promova uma avalanche de ordens de serviço para obras importantes – mencionando, em especial, o Hospital Regional do Centro-Sul – até setembro de 2024, a presença da foto do governador no material de campanha do candidato que o receber não fará muita diferença.
Por outro lado, se Camilo Santana e Lula estiverem juntos em um palco, apoiando qualquer candidato, esse indivíduo será o novo prefeito de Iguatu em 2025.
Texto de Mateus Nogueira do Portal de Notícias O Angulo
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