O município de Santa Quitéria, localizado a 229,2 km de Fortaleza, possui o maior grau de vulnerabilidade social dos jovens no Ceará, de acordo com estudo publicado nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), através da Diretoria de Estudos Sociais (Disoc). Na sequência do ranking dos piores cenários, aparecem Santana do Acaraú, Banabuiú e Guaiúba. A publicação baseia-se em dados de 2019.
No total, quatro indicadores compõem o indicador, chamado de Índice de Vulnerabilidade Social da Juventude (IVSJ). São eles: saúde, educação, violência e emprego. Em nota técnica, o Ipece explica que essa multidimensionalidade favorece o reconhecimento de qual vulnerabilidade é mais relevante para os municípios, indicando qual deve ser o foco das ações estratégicas.
Em relação às áreas analisadas pelo indicador, houve uma redução média em todas as dimensões, quando comparado à última edição do estudo, realizada em 2014. O valor médio do IVSJ melhorou, caindo 17% e atingindo a marca de 0,39. Na Capital, o índice apresentou melhora de 35% quando considerado o mesmo período.
Apesar da melhora, o Ipece alerta que há aglomerados de municípios que ainda apresentam um índice alto e demandam maior atenção dos formuladores de política públicas. Em nota, o analista de Políticas Públicas do órgão Victor Hugo de Oliveira Silva, um dos autores da publicação, disse que os índices que compõem o IVSJ apresentam situações distintas, dependendo da dimensão analisada.
Saúde e violência
No caso da saúde, por exemplo, Santana do Cariri e Salitre apresentam vulnerabilidade mais elevada do que nos demais municípios. O indicador adotado é o da gravidez precoce (entre 10 e 19 anos), considerado um problema na saúde pública em virtude de suas complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e o recém nascido. Há ainda as implicações psico-sociais e econômicas, como possibilidade de menor renda familiar e menor escolarização.
Já em relação à violência, o município de Pacoti, no Maciço do Baturité, representa o nível máximo de vulnerabilidade, em um índice que varia de 0 a 1. As mortes violentas de jovens, consideradas no estudo, englobam circunstâncias distintas, como óbitos no trânsito, homicídios e suicídios. A situação da violência também aparece de forma crítica nos município de Guaiúba e Santa Quitéria, conforme indica o Ipece.
Por outro lado, Altaneira, Baixio, Catarina, Chaval, Ipaporanga, Ipaumirim, Itaiçaba, Jati, Miraíma, Moraújo, Mulungu, Umari e Umirim apresentaram valor zero para o índice de violência, sem nenhum óbito violento documentado em 2019, ano em que os dados foram coletados para a publicação. “Diversos fatores podem estar associados ao comportamento violento entre os jovens, que incluem características biológicas, psicológicas e comportamentais”, pondera o Ipece em nota técnica.
A partir desses resultados, o Estado pretende adotar políticas públicas para melhorar o cenário, com base no Programa Superação. Entre os objetivos principais, pretende-se ampliar as capacidades e habilidades dos jovens, além de reforçar fatores protetivos junto às famílias e às comunidades, promovendo a reinserção escolar e criando oportunidades de emprego e renda. As orientações, com base nos dados obtidos, são enviadas para secretarias estaduais e municipais.
O POVO buscou o Ipece para entrevistar uma fonte do órgão envolvida no estudo e aguarda resposta.
Veja os municípios cearenses com melhor e pior situação de vulnerabilidade (IVSJ)*
- 10 piores
- 10 melhores
*O índice varia entre 0 e 1, sendo o valor mais próximo de 0 indicando menor vulnerabilidade e mais próximo de 1 indicando maior vulnerabilidade
Fonte: O Povo Online
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